domingo, 22 de dezembro de 2013

Livro do mês: Guerreiros da Esperança

Na verdade, do mês de outubro, mas por motivos de ENEM e preguiça mesmo, acho, fiquei enrolando o Hirata durante esse tempo todo e me arrependi, porque devia ter lido esse livro desde o começo do ensino médio (desde o começo da vida, enfim..)



Guerreiros da Esperança não é um livro comum pelo fato da história girar num mundo completamente diferente do nosso (ou seja, não se passa no Ocidente), além de tratar de um assunto que foge do típico romancezinho YA. 

Fala sobre a história de 11 crianças apaixonadas por uma escola, pela educação, pelo aprendizado e todas as aventuras, batalhas e conquistas que rolam para garantir a permanência da tal escola de uma aldeia pobre da Indonésia. É quase uma auto biografia, porém, ela tem uma narrativa deliciosa. 

Uma das coisas que me encantou foi exatamente o contraste de culturas, a relação com a religião islâmica, as orações, o respeito. E quando falavam de pessoas como John Lennon, Bruce Lee, Elvis Presley achava estranho. Um estranho legal. Adorava as menções de atores, cantores e pessoas públicas de lá também. Mas o que mais me cativou mesmo foi a forma como ele passava as lições de moral. E não me refiro as "lição de moral número 1" e sim a capítulos inteiros que você poderia dar a louca com o marca texto e não se arrepender, porque lhe mostram valores dos quais você vai carregar pro resto da vida, e mais, não são passados de um jeito tipo filmes da Disney ou forçado como "lição de moral número 1", são passados de um modo bem espontâneo, como quem não quer nada, mas lhe tocam tremendamente. Essas lições são simples como o livro, como os personagens e a escrita.

O livro também trata da pobreza, do combate ao imperialismo e ódio ao capitalismo (de uma maneira extraordinária, devo acrescentar). Gostaria de destacar os pais que apesar de não terem tido escolaridade, insistiram na dos filhos, e mais carinhosamente, o homem-pinheiro, que não deixou que Lintang se tornasse pescador como ele.

Minhas citações favoritas são:

Eu sempre ouvia dizer que as crianças reclamavam de ter que ir à escola. Nunca entendi aquilo, porque, apesar da aparência miserável de nossa escola, nos apaixonamos por ela desde o primeiro dia. Bu Mus e Pak Harfan fizeram com que a amássemos e, mais que isso, fizeram com que amássemos o conhecimento. Quando a aula acabava, reclamávamos de ter que ir embora. Quando nos davam dez deveres de casa, pedíamos vinte. Quando chegava o domingo, nosso dia de folga, mal conseguíamos esperar pela segunda-feira.
Os pobres Pak Harfan e Bu Mus nos deram a mais bela infância, amizades e almas ricas, algo inestimável, ainda mais valioso que quaisquer aspirações. Talvez eu esteja errado, mas acredito que esse seja o verdadeiro sopro da educação e a alma de uma instituição chamada escola.
(Pode pular pro próximo parágrafo, se quiser)
Talvez esse livro tenha me tocado mais especialmente porque frequentava um colégio do qual não amava e também não amaaava meus professores. Na verdade, toda instituição não liga pra nenhum aluno, ela liga pra resultados, ou melhor, pra manter os resultados, salvo alguns professores, que mostravam se importar às vezes, com a formação ética e cidadania do aluno. Dessa forma, Pak Harfan e principalmente, Bu Mus me ensinam muita coisa que não aprendi na escola e serei eternamente grata a eles (e a minha melhor amiga, que me indicou o livro) por terem colaborado com um pedaço do meu caráter.

Recomendo este livro para todas as pessoas que mudaram de escola, que vão começar ou estão no ensino médio, que estão despontadas com a universidade ou curso ou que simplesmente precisam de uma inspiração para persistência. Espero que Bu Mus te ajude.

Nenhum comentário:

Postar um comentário